A personagem principal, Marta, é uma mulher interiorana, criada pelo pai, Gumercindo, um viúvo que se dedicou proficuamente à família, à igreja e ao trabalho. Ao desencarnar, Gumercindo é socorrido e depara-se com uma realidade espiritual completamente nova e inesperada. Custa-lhe crer que está ?morto?, e, para convencê-lo, seu mentor espiritual o leva a um culto na igreja evangélica que ele frequentava quando vivia no corpo. A partir daí, ele experimenta uma realidade bem diferente daquela que acreditava existir após a morte. Presencia a atuação da espiritualidade na igreja, e principalmente do Espírito Santo, pelo ângulo de quem enxerga do além-túmulo e não mais com a visão míope dos olhos da carne. Passa a conhecer a espiritualidade em suas diversas formas de manifestação, estuda e faz brilhante progresso. Também participa de equipes espirituais que resgatam desencarnados nas igrejas evangélicas, esclarecendo-lhes sobre a vida após a morte, uma realidade que esses espíritos geralmente relutam em aceitar. Após o desencarne do pai, Gumercindo, Marta segue sua jornada no corpo carnal e passa por dolorosos resgates cármicos. A igreja evangélica que Marta frequentava era o instrumento de renovação de sua fé e o conforto espiritual onde ela encontrava forças para cumprir seu pesado fardo terreno. 
 

Veja o capítulo 1 na íntegra: (copie e cole no navegador)
http://www.nelpa.com.br/downloads/marta/capitulo1b.pdf

 

A personagem Herondina desencarna no Maranhão, transformando-se em espírito e, nessa passagem para outra dimensão, esquece quem fora anteriormente. Depois de longo tempo desperta confusa e atordoada com a nova realidade, mas percebe que não tem mais um corpo. Vaga em busca de informações que lhe tragam conhecimentos da nova realidade onde se encontra e do desconhecido mundo espiritual. Chega ao Pará e se aproxima dos tambores de Mina, onde inicia seu aprendizado evolutivo na espiritualidade. Em seguida conhece o Candomblé da Bahia, onde se torna uma Padilha, entidade que serve aos Orixás, destacando-se como incansável trabalhadora que ajuda a quem dela precisa. Na Bahia, é assentada por um Babalorixá e trabalha arduamente junto ao médium, aumentando seu campo de ação e atuação, adquirindo, dessa forma, o respeito de toda aquela comunidade de adeptos. Gradativamente passa de espírito inculto a grande conselheira. O sofrimento e a necessidade fizeram aflorar-lhe os conhecimentos empíricos registrados em vidas anteriores e ela passou a usá-lo em prol de todo um trabalho junto à comunidade, auxiliando a todos com sabedoria popular, conselhos e ajuda espiritual. Aprende o segredo do oráculo dos búzios, muito usado nas consultas das religiões afro-brasileiras, como forma de comunicação com os Orixás, cuja interpretação orienta em direção da solução de problemas humanos. A trajetória de Herondina é a clara demonstração de evolução espiritual por meio dos cultos afro-brasileiros, evidenciando que a espiritualidade sempre oportuniza um caminho para o crescimento espiritual, de acordo com as possibilidades e necessidades de cada espírito.

 

Li as obras do autor e fiquei encantado com a perspicácia em fazer o leitor mergulhar na história e viver as emoções de cada personagem. Tanto em Marta como em Herondina Biografia de uma Padilha, o autor retrata de forma singela, porém emocionante, a trajetória dos personagens, levando o leitor a meditar sobre as lições de vida que as obras apresentam. São histórias cotidianas, mas retratadas com muita emoção em cada palavra dos personagens. Em Pecado Mortal, não é diferente. Cada capítulo traz uma emoção nova, revela um mistério ou um segredo, de modo que a leitura se torna prazerosa e faz com que o leitor queira conhecer o final do romance. O tema abordado é por demais importante e contempla várias lições de vida que, se bem compreendidas, servem de ferramenta para o nosso aprimoramento enquanto seres humanos. Tratar de um tema tão relevante como a terapia, a sexualidade e a solidão, não é tarefa fácil, mas o autor consegue nos fazer compreender a importância dessas temáticas e desperta a curiosidade pelo autoconhecimento. A obra mostra que valorizamos em demasia as coisas materiais e as futilidades mundanas em detrimento de nossos sentimentos. Quase sempre nos tornamos prisioneiros de nossas próprias amarras por considerarmos mais a opinião alheia do que as nossas próprias. Por muitas vezes, o medo das críticas sociais e do desconhecido nos torna cativos de fantasmas que criamos e alimentamos e que nos assombram impiedosamente. Olhar no espelho e encarar a si próprio é um exercício necessário para nos conhecermos e aprendermos a superar os obstáculos que colocamos em nosso próprio caminho, pois muitas vezes isto nos impede de sermos felizes ou ao menos de tentarmos ser melhores, para que assim possamos viver a vida em plenitude e tirarmos proveito das lições que ela nos oferece.

Veja o capítulo 1 na íntegra: (copie e cole no navegador)
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